A quimioterapia do câncer nas últimas semanas de vida tem sido discutida com frequência, pois muitos tratamentos podem trazer mais danos que benefícios, e os cuidados paliativos, em alguns casos, poderiam ser a melhor opção. OBJECTIVES::  Avaliar utilização de quimioterapia nas últimas semanas de vida em pacientes submetidos a tratamento coberto pelo plano de saúde. METHODS:: Análise retrospectiva de 145 indivíduos falecidos entre janeiro/2015 e dezembro/2016, que apresentavam o CID de neoplasia (C00-C75, C81-C96), destes 73 (50,3%) preencheram os critérios de inclusão do estudo. A análise estatística utilizou o software OpenEpi versão 3.01 para cálculo das frequências relativas e absolutas, médias e desvio padrão. Na estatística analítica, utilizamos o Qui-quadrado (Exato de Fisher), para diferença significativa quando p < 0,05. RESULTS:: Dos 73 indivíduos, 45 homens (61,6%, média de idade 68,2 ± 2,7 anos) e 28 mulheres (38,4%, 63,4 anos ± 5,5 anos), submetidos à quimioterapia no período anterior ao óbito, verificamos nas últimas quatro semanas de vida 26 beneficiários (36,6%) tratados, sendo 11 (15,1%), nas últimas duas semanas de vida. Apesar da população que recebeu tratamento ser mais jovem, não verificamos diferença estatística significativa do grupo no último mês de vida em relação aos demais submetidos à quimioterapia, tampouco diferença por gênero. Os tipos de tumor mais frequentes foram brônquios e pulmões (17,8%), próstata (15,1%), mama feminina (13,7%), pâncreas (11,0%) e cólon-reto (9,6%). O custo médio por indivíduo tratado no período de 60 dias anterior ao óbito, R$ 48.710,00. CONCLUSIONS::  Comparado a estudos semelhantes em outros países, com taxas entre 7 % e 19 %, verificamos, em nosso estudo, elevado número (36%) de quimioterapias nas últimas quatro semanas de vida, indicando necessidade de discutir cuidados de suporte. A análise detalhada do status funcional dos pacientes permitirá avaliar eventuais desperdícios e possível estratégia de melhora da qualidade de vida.